A chegada de um conjunto de produção cinematográfica e pictográfica de artistas indígenas nos ambientes e suportes onde as imagens habitualmente circulam para a contemplação dos olhares metafísicos tem sido um evento de muitas transformações. O apagamento das pessoas pertencentes aos povos originários deu lugar ao interesse crescente por suas vozes, suas narrativas, seus filmes, suas pinturas e à sua presença em debates, juris, exposições. Na sequência desta experiência, onde os papéis de quem mostra e fala sobre o outro se invertem, o Encontro de Saberes surge como o nome de um experimento específico, que acontece em algumas universidades do Brasil e da Colômbia. Nestes, alguns professores trocam com mestres de comunidades tradicionais a posição de sujeito do suposto saber e antecipam a experiência do que seria participarem de um corpo docente formado também por mestres quilombolas, indígenas, sacerdotes de comunidades de terreiro, enfim, um sem número de atores com competências que enriqueceriam a formação que tem sido construída nestes espaços de conhecimento, e também de prestígio e relativo poder. As imagens comparecem nestas experiências de “encontro”, como aquilo que as mestras e os mestres indígenas carregam consigo, como parte da pessoa, abrindo reiteradamente situações e perplexidade, mas também de encantamento e aprendizado radical.