Com Naara Fontinele
Inscrições
As 40 vagas do minicurso destinam-se prioritariamente a alunxs matriculadxs na linha de pesquisa Pragmáticas da Imagem (PPGCOM-UFMG) e a alunxs pré-selecionadxs de grupos de pesquisa e programas parceiros. Serão abertas inscrições para as vagas remanescentes na sexta-feira, dia 18, das 09:00 às 16:00, pelo email poeticasdaexperiencia2019@gmail.com. Favor informar, no ato da inscrição, nome completo, e-mail e número de whatsapp.
As vagas serão preenchidas por ordem de inscrição.
Ementa
O minicurso “Historicizar a estética” é um desdobramento da experiência de pesquisa e escrita de tese intitulada “Quando o coração se oculta e se expande no coração da desordem – potências críticas do documentário brasileiro (1960-1976)”, realizada em cotutela entre a Paris 3 – Sorbonne Nouvelle e a UFMG. Dedicada a revisitar a história formal do cinema brasileiro realizado entre 60 e 70, a pesquisa articula trabalho historiográfico e análise fílmica, num esforço de “historicizar a estética” do documentário social criado no Brasil nos anos que precedem e atravessam a ditadura civil-militar (1964-1985).
Para “historicizar a estética” desse cinema realizado num período de grande importância para a história das formas documentárias, exploraremos, neste minicurso, aspectos da proposta metodológica da tese, propondo assim dois movimentos de conversa: abordaremos, por um lado, o trabalho com documentos em acervos; atravessaremos, por outro, algumas reflexões mobilizadas pelas formas fílmicas.
Ao longo dos três encontros, nos aproximaremos, entre outros, de filmes realizados por Vladimir Herzog, Geraldo Sarno, Leon Hirszman, Ana Carolina, Paulo Rufino, Sergio Muniz, Helena Solberg, João Silvério Trevisan, Aloysio Raulino. Interessa-nos pontuar tanto os acontecimentos e contingências da experiência histórica coletiva e privada que levaram os/as cineastas à iniciativa fílmica, quanto investigar soluções formais exploradas pelos cineastas para expressar suas respectivas proposições críticas.
Nesse percurso, observaremos as possibilidades e riscos do gesto de “historicização estética”. Trata-se de, vendo e revendo certos filmes, e nos atentando para a experiência vivida pelos cineastas, explorar aspectos de uma abordagem analítica exercitada e atravessada pelo desejo de interrogar as formas do cinema para retornar à história da sociedade brasileira, e vice-versa.
Programa dos encontros
Encontro 01 – “Historicizar a estética” – Caminhos e aspectos de um método de pesquisa no cruzamento de abordagem estética e abordagem histórica.
Neste encontro inaugural, estará à frente a discussão do entrelaçamento, por vezes complexo, das informações oriundas de documentos em arquivos públicos e privados, das memórias pessoais recolhidas em entrevistas com cineastas, do que aprendemos com a história do cinema e daquilo que extraímos das imagens e sons que compõem os filmes. Observaremos juntes alguns documentos que mobilizaram o caminhar da elaboração histórica apresentada em meu trabalho, retomando vestígios e horizontes possíveis sugeridos por estes materiais consultados, anos atrás, em acervos brasileiros.
Encontro 02 – Desdobrando os “laboratórios dos cineastas intérpretes”
Este encontro é um convite a repensar, mais uma vez, e sem ambição de esgotá-la, a experiência de invenção do documentário brasileiro de cunho crítico-social. Conversaremos a respeito de diferentes frentes discursivas e propostas formais no âmbito do documentário brasileiro realizado entre os anos 60 e 70 (revisitaremos, por exemplo, Marimbás, Vila da barca, Viramundo, Maioria Absoluta, A entrevista e os primeiros curtas de Aloysio Raulino). Nesse percurso analítico, observaremos que, após o golpe de 64, houve entre nós um cinema engajado, fruto de iniciativas individuais singulares, no qual os cineastas criaram alternativas às modalidades e retóricas dominantes, mas também reataram os laços com uma empreitada de invenção de um documentário de crítica social iniciada no início dos anos 1960.
Encontro 03 – Sobre a tentativa de reconhecer alguns gestos inaugurais
Por quais vias estéticas os cineastas que fizeram seus primeiros filmes na virada das décadas de 1960-70 (Aloysio Raulino, João Silvério Trevisan, Ana Carolina, Paulo Rufino etc) recomeçaram a elaboração de um “cinema crítico” iniciado na primeira metade da década de 60 (Linduarte Noronha, Geraldo Sarno, Leon Hirszman, Vladimir Herzog, Sergio Muniz, Helena Solberg)? Interrogaremos, neste último encontro, maneiras pelas quais o trabalho formal confere a estes filmes uma dimensão crítica. Esse trabalho, de acordo com nosso método de abordagem, inscreve histórias, algumas das quais relembraremos, em paralelo às conversas movidas pela análise fílmica.