“E minha provocação de adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história. Se pudermos fazer isso, estaremos adiando o fim.” Ailton Krenak Nesta oitava edição do Colóquio Cinema, Estética e Política, nos inspiramos na provocação de Ailton Krenak para refletir como as imagens podem participar da tarefa de abertura da história, tarefa tão mais necessária quanto mais parece se estreitar o presente. A atual ascensão da extrema-direita, após o golpe no Brasil, tem acionado forças conservadoras – ligadas às milícias, ao fundamentalismo religioso e ao ultraliberalismo – para desenvolver um ataque sem precedentes aos direitos humanos e sociais. Vão-se tornando mais e mais evidentes os traços fascistas e necropolíticos do programa em curso: para se implantar, ele precisa corroer a linguagem – torná-la lugar de todo tipo de reducionismo, mentira e autoritarismo -, de modo a interditar o espaço para a diferença; precisa também estreitar e adoecer o imaginário, projetando sobre a sociedade imagens que nascem da incessante criação de inimigos a serem combatidos e banidos. Nesse contexto, seria preciso intensificar a aposta histórica na força política das imagens (da fotografia, do cinema, do audiovisual), em sua capacidade de dar a ver e assim fazer vicejar a vida em suas múltiplas formas. Quando produzidas por (ou em aliança com) sujeitos e coletivos historicamente invisibilizados (indígenas, negras e negros; mulheres em suas múltiplas interseções, populações LGBTI+, grupos periféricos); quando nascidas do interior das lutas encampadas pelos movimentos sociais (por terra, moradia e respeito às orientações religiosas ou de gênero), as imagens do cinema, da fotografia e do audiovisual contribuem para um imaginário vivo, diverso e dadivoso, em que as experiências ligadas à tradição e à história são base para novas fabulações e figurações do tempo, do espaço, da circulação dos corpos e das palavras. Em momento tão adverso, as imagens nos trazem também notícias de lutas históricas e contemporâneas, de coletivos e povos que têm produzido verdadeiras invenções políticas, ligando as demandas sociais à necessidade de escutar a natureza, na tentativa de adiar o fim do mundo (como reivindica Krenak em seu importante livro-manifesto). Organizado pelo Grupo de Pesquisa Poéticas da Experiência, o VIII Colóquio Cinema, Estética e Política reúne e refaz a rede de pesquisadores, ativistas e artistas que têm constituído este fórum ao longo de vários anos, para pensar e reafirmar essa aposta.

Clarice Alvarenga: "Aprender com o cinema em território Xakriabá"

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Amaranta Cesar: "Cinema em Cachoeira: uma experiência de pedagogia cinematográfica como intervenção na história"

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Beatriz Colucci: "Experiências do Nice/UFS: formação de professores, cineclubismo e criação audiovisual"

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Beatriz Furtado: "Repetir, abrir em imagens, curar"

apresentação elaborada em coautoria com Janaína de Paula Na passagem entre os dias 11 e 12 de novembro de 2015,…

Glaura Cardoso Vale: “Lá longe, aqui perto”: práticas do inventar com estudantes da rede pública de ensino de Belo Horizonte

“Lá longe, aqui perto” é um dos dispositivos que compõe o Cadernos de Inventar – Cinema, Educação e Direitos humanos.…

Janaína Barros: "Epistemologias comunitárias: arquivo em arte contemporânea de autoria negra como exercício curatorial colaborativo"

O que torna uma produção artística relevante? Quem legitima uma dada poética como relevante? O que é formação para uma…

Kênia Freitas: "Afrofabulações críticas no cinema negro contemporâneo"

Como podemos pensar as estratégias afrofabulares que os filmes da produção contemporânea do cinema negro movimentam? Essas estratégias críticas de…