por James Cisneros
A partir de um corpus constituído por filmes da Argentina e do Chile, a apresentação analisa a fragilidade e inconstância das imagens, afetadas pelas modificações que atingiram a produção e a recepção do cinema atual. Em termos materiais, o eclipse da tecnologia analógica diante do surgimento dos meios eletrônicos e digitais implica uma transformação da ontologia da imagem e do seu vínculo com o real. Esta perda da dimensão indicial das imagens não será sem consequências para uma política do traço (ou vestígio) fotográfico que comprova a existência das pessoas desaparecidas ¬– confrontando assim as negações das ditaduras militares na Argentina e no Chile – e também resiste à ascensão da cultura visual própria ao espetáculo. Exploraremos como alguns documentários e filmes de ficção – Restos (Albertina Carri), La Ciudad de los Fotógrafos (Sebastián Moreno), Tony Manero e No (Pablo Larraín) – estão recuperando as tecnologias ultrapassadas e usando as suas imagens precárias para forjar uma poética do anacronismo.